Os obstáculos ao recrutamento em Portugal

O recrutamento e a contratação de trabalhadores podem ser um reflexo da saúde de uma economia. Se o recrutamento aumenta, usualmente, é sinal de maior volume de vendas e competitividade das empresas, o que impacta diretamente a economia; por outro lado, quando retrai, podemos estar diante de uma eventual crise financeira. Recentemente, o Grupo EGOR fez um questionário a 35 PME’s portuguesas, principalmente da Indústria, Transporte e Logística, para investigar o estado do recrutamento em Portugal. A resposta revela um cenário de cautela. 

Em média, as empresas contrataram 24 novos funcionários em 2024, menos 13% do que o ano anterior. Contudo, os empresários indicam que pretendem contratar novamente até ao final do ano, chegando possivelmente a números de recrutamento similar aos do ano passado. Nesse caso, impõe-se a questão: o que poderá estar a impedir o aumento do recrutamento em Portugal?  

O inquérito revelou que, quase 90% das empresas consideram a escassez de candidatos como a maior dificuldade no recrutamento em Portugal. Outras dificuldades mencionadas incluem a falta de candidatos qualificados, a dificuldade em reter talento e as expectativas salariais elevadas destes. As questões orçamentais também são apontadas, com metade das empresas a considerá-las relevantes, e cerca de 22% também menciona a legislação e a burocracia como um impedimento. 

As empresas não estão a encontrar os perfis que procuram – mas que perfis são esses? Segundo os empresários, os fatores decisivos no perfil de um candidato são a experiência profissional, as soft skills e a remuneração expectável. Só depois priorizam a formação académica, hard skills ou perspetivas de crescimento na empresa. Estes dados revelam que há, neste momento, uma falta de ajustamento entre a necessidade das empresas e a experiência e habilitações dos candidatos. Felizmente, neste caso, há uma solução clara: apostar na formação contínua.  

O inquérito demonstra ainda que, no geral, os empresários estão a planear contratar menos em 2025. Contudo, ainda é relativamente cedo para que estas estimativas estejam fechadas, sobretudo, porque ainda há uma grande indecisão política em relação ao orçamento de estado e ao futuro político em Portugal. Os empresários admitem que, por agora, aguardam por uma maior definição política, no entanto, há um sentimento generalizado que a conjuntura sociopolítica dos últimos 20 anos não tem sido favorável ao investimento e às empresas. 

O recrutamento em Portugal enfrenta por isso desafios concretos como a escassez de candidatos qualificados e as limitações orçamentais, sendo fundamental promover a formação contínua dentro e fora das empresas promovendo a sua qualificação, de forma a aumentar a quantidade de candidatos disponíveis, aumentando o recrutamento e a contratação dos colaboradores que as empresas necessitam e assim contribuir para o crescimento e a saúde da economia portuguesa. Queremos quebrar e ultrapassar os obstáculos ao recrutamento, que existem atualmente em Portugal.